Redemption

BY Mavylla M Souza 

Capitulo 2

Recomeço

- Para onde estamos indo Miguel?

O dia amanhecerá nublado, parecia que iria chover no fim da tarde, Miguel havia ido buscar Cibelle no hospital Santa Rita logo de manhã cedo e agora ambos se dirigiam ao carro de Miguel um Vectra prateado que estava estacionado na rua do lado de fora do hospital.

_ Bem Belle achei que poderia fazer alguma coisa para tentar ajudá-la a lembrar do seu passado e por isso achei que seria interessante para você, se você pudesse se despedir dos seus pais já que não teve essa oportunidade, você gostaria de ir ao cemitério se despedir-se deles? 

_Sim, acho que gostaria de me despedir deles, mas, onde fica esse tal de Cemitério? Falou intrigada.

_Fica em Laranjeiras na Serra e se chama Cemitério Jardim da paz, é um lugar muito bonito, para que as pessoas que morreram descansem em paz, você irá ver. Argüiu com um leve sorriso em seus lábios.    

   Miguel desarmou o alarme do carro e entrou, logo em seguida abriu a porta do carona para que eu pudesse entrar, quando entrei coloquei os cintos de segurança e ele pós o carro em movimento se dirigindo ao Cemitério.

Permanecemos em silencio durante todo o trajeto, eu olhava pela janela cada vez mais fascinada observando a paisagem que passava rapidamente pelo vidro fosco, eu podia simplesmente sentir  a vida fervilhar pela cidade, mas vez por outra eu me pegava olhando pra ele e rapidamente voltava a olhar pra janela constrangida dava pra notar o quanto ele achava isso divertido dado ao breve sorriso que via em seus lábios cada vez que me flagrava olhando pra ele.Quando chegamos ao cemitério, ambos saímos do carro e caminhávamos por uma pequena passarela calçada passando por uma infinidade de plaquinhas num chão coberto de grama e algumas flores até que paramos numas plaquinhas prateadas em que estavam escritos os nomes de Heloíse e Erick Stern Cicérri.

- Estes são meus pais?Este cemitério é lindo todos os outros são assim? Perguntei enquanto observava mais atentamente os nomes que estavam gravados numa placa de metal logo abaixo de meus pés. 

_ sim aqui estão enterrados seus pais Erick e Heloíse, realmente este cemitério é  lindo  mas é bem diferente dos outros, um dia lhe mostro a diferença, olhe ali Belle irá acontecer um enterro agora. Disse ele enquanto observava um cortejo fúnebre que caminhavam até um tumulo recém aberto enquanto que alguns carregavam o caixão. Ambos observavam enquanto o pastor dizia algumas palavras confortadoras para a família e amigos presentes, muitos choravam angustiados, e logo após as breves palavras do pastor o caixão foi descido até o fundo e em seguida começou a fechá-lo com terra.

Eu não conseguia entender o motivo daquelas pessoas estarem tão tristes, como também não entendia o que sentiam e esses sentimentos eram novos para mim. O ambiente estava sufocante e estranhamente eu simpatizava com a dor deles, mas não sentia a mesma coisa, olhava para a cena que se desenrolava em minha frente e olhava para a placa com o nome dos meus pais, eu deveria sentir a mesma dor que aquelas pessoas estavam sentindo, porém realmente não sentia tudo o que tinha restado foi o vazio de tudo o que foi roubado de mim, minhas lembranças, minha família, minha vida tudo havia ido e não voltaria e talvez eu não quisesse que voltasse, percebi que recebi uma nova vida, um recomeço, agora eu iria ser a nova Cibelle teria que me refazer novamente, aprender do começo as coisas mais simples e obvias e começar a viver e ser normal, não seria fácil mais iria conseguir.

As pessoas começavam a dispersasse e por fim ficamos sozinhos, eu estava com frio e Miguel tirou seu casaco e me cobriu com ele,eu ainda não entendi o que era a morte então curiosa  resolvi perguntar.  

_ Miguel porque as pessoas morrem e o que acontece depois?

_ As pessoas morrem por que é natural da condição humana, é o ciclo de toda a vida, as pessoas, nascem, crescem, amadurecem, casam-se, têm filhos e por fim envelhecem chegando ao momento onde morrem e voltam ao pó de onde foram feito pelo criador, sendo que seu espírito volta-se para Deus e sua alma será julgada por ele de acordo com suas obras e se ela ou ele aceitou a Jesus como seu senhor e salvador de sua vida. Agora devemos ir não podemos nos atrasar para o almoço.

Seguimos pela calçada novamente enquanto começava chuviscar apreçamos o passo até chegarmos ao carro e Miguel abriu a porta pra eu entrar, fora da chuva fiquei imersa em meus pensamentos e olhava a paisagem mudar rapidamente pela janela, eu nem si quer notei quando chegamos a uma casa enorme com um muro coberto de plantas e um enorme portão de ferro. Miguel pegou um controle remoto apertou um botão e o portão se abriu revelando a enorme mansão por detrás dela, ele olhou para mim e sorrindo disse:

_ Esta é a casa dos seus pais o que achou dela?

Eu nem sequer sabia o que dizer,a casa era  linda, mas que segredos sobre o meu passado estariam escondidos dentro dela?Será que eu iria finalmente lembrar do meu passado? 

_ Sim ela é linda.

O carro seguiu passando pelo portão, enquanto ele se fechava atrás de nós.

                                                        ****

                 A chuva antes fina começou a engrossar mesmo embaixo de uma marquise eu já estava completamente encharcado, mas permaneci escondido enquanto esperava a garota chegar à mansão. A casa era enorme, havia um grande jardim com bastante arvores por onde eu poderia facilmente entrar e me esconder para observar mais de perto a menina, tudo seria muito fácil e logo poderia voltar para a minha “vidinha” de sempre que era vaguear por este mundo e tentar não me envolver com os assuntos imortais mais do que era necessário, além de é claro achar um modo de me vingar de Cassandra por ter me feito parar aqui em primeiro lugar. 

A rua era calma, calçada e arborizada ficando na melhor localidade de Vitória, a rua era simplesmente cheia de mansões e prédios. Não precisei esperar muito tempo para ver um Vectra prateado parar por alguns instantes na frente do portão amplo da mansão, a garota estava no lado do carona olhando tudo com um misto de curiosidade pela janela. 

Ela era simplesmente encantadora, possuía uma pele levemente bronzeada pelo sol, cabelos lisos e de um preto que chegava a ter um tom azulado e que parecia chegar à altura da cintura e seus olhos... De um azul celeste tão profundos salpicados com pequenos contornos dourados, tão bonitos quanto o próprio pôr-do-sol no mar, ela era tão delicada, magra e parecia vulnerável e tão pura como se fosse apenas mais um anjo do céu,vê-la me fez sentir um misto de desconforto,ansiedade e algo mais que agora não saberia decifrar.

sentimentos tão conflitantes guerreavam dentro de mim,o bem e o mal se confrontando,ao mesmo tempo que eu queria protegê-la e me afastar, eu  sabia que tinha uma missão a cumprir muita coisa estava em jogo.Eu não esperava mais esta complicação,não era os anjos que cuidavam dela que me preocupavam ou que até poderiam me deter,mas era esse sentimentalismo humano que eu não sabia ainda como controlar e não ignorá-los  poderia por tudo a perder.

 A chuva diminuiu, o portão se abriu e ela se foi e eu já estava ansioso para revê-la outra vez.